terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A origem da coxinha e outras histórias

Ao se sentar em um balcão de boteco e saborear uma coxinha você já se perguntou como essa maravilha foi inventada? O que? Não gosta de coxinha? Nem de boteco? Então cai fora escória, esse blog não é lugar de gente escrota. Para as pessoas de bem que apreciam essa incrível conquista da cozinha popular brasileira, descubra aqui a reposta desse e de outros mistérios como...

Esfiha: muito mais brasileira do que você pensa.


Seja na versão fechada ou aberta, a esfiha é junto com o kibe o mais popular petisco árabe do Brasil.

E também uma das maiores causas de azia.

Mas você sabia que é muito difícil encontrá-la em terras estrangeiras, inclusive no Líbano, país onde supostamente ela foi criada? Vá em frente, e procure esfihas num restaurante em Beirute. Você vai acabar comendo uma porção de batatas fritas. Qual o motivo disso?

A esfiha era uma receita caseira trazida por imigrantes libaneses ao Brasil no começo do século XX. A comida acabou se popularizando por aqui e ganhando variações de receitas e recheios e por fim se tornando item básico de cantinas escolares, redes de fast food e laricas. Em sua terra natal a esfiha não se popularizou a ponto de ser comercializada em larga escala e permaneceu como uma receita tradicional cozinhada por vovós em vilarejos.

O pão de queijo é a história de Minas Gerais

O magnífico Estado de Minas Gerais deu grandes contribuições para nossa nação, como a poesia de Carlos Drummond de Andrade, a música do Clube da Esquina e o futebol de Pelé.

Entre outras coisas

Mas nenhum desses feitos representa a história mineira tão iconicamente como o pão de queijo. Cada detalhe de sua concepção e popularização tem paralelo com um período histórico do Estado. Sua origem remonta entre os séculos XVIII e XIX. A goma de mandioca (polvilho) que era a um item básico da alimentação dos índios acabou sendo adotada em receitas de pães das fazendas locais. O ovo e o leite, itens introduzidos na região pelos portugueses, existiam em abundância durante a expansão da pecuária da então província. As cozinheiras escravas obrigadas a se virar com esses ingredientes tiveram um arroubo de genialidade e criaram o pão de queijo.

A partir do século XX, com o crescimento urbano e a industrialização, esse salgado deixou de ser apenas uma receita caseira e começou a ser comercializado, até se popularizar por todo o país na década de 60. Lembre-se de tudo isso na próxima vez que você comer um pão de queijo. É história que você estará mordendo.

Um príncipe (possivelmente retardado) inventa a coxinha

Ok, isso é muito mais uma lenda do que um fato, mas provavelmente a história real não deve ser tão interessante. No final do século XIX vivia na Fazenda do Morro Azul, na cidade de Limeira, o filho da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Numa atitude epicamente escrota da família real, essa criança era mantida afastada da corte por ser considerado deficiente mental. Mas qual era a doença que acometia esse pobre menino perdido? Ninguém sabe, mas aparentemente envolvia ser tarado por coxa de galinha, pois era só isso que ele comia.

O nosso pequeno príncipe causou um verdadeiro holocausto galináceo na fazenda, exigindo comer nada além dessa parte especifica do bicho. Asas e peito eram descartados por ele.

Um dia não havia mais coxas suficientes para uma refeição e o moleque não parava de chorar. A cozinheira resolveu então transformar uma galinha inteira em coxa, moldando massa em um formato parecido e utilizando as demais partes da ave pra fazer o recheio. O pentelho provou e adorou. Logo os demais empregados também comeram e aprovaram. Por fim até a Princesa Isabel se deliciou com a invenção e pediu que sua receita fosse fornecida aos cozinheiros da Corte. É isso mesmo, a mesma pessoa que assinou a Lei Áurea também pode ter introduzido a coxinha no Brasil. Isso sim é uma heroína nacional.

E esse cara que ganha feriado

A empadinha...

Não descobri nada de muito interessante sobre as empadas. Apenas que são mini-tortas que as pessoas comiam na época da quaresma. E que são deliciosas.

E os enroladinhos também

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O destino de coadjuvantes sem graça dos Trapalhões

Quando eu estava na 4° série, o trabalho final de Educação Artística foi representar um programa de TV na frente da sala. Eu e meu grupo logicamente escolhemos o melhor de todos os tempos: “Os Trapalhões”. Tivemos que sortear os papéis porque todo mundo queria interpretar Didi ou o Mussum (exceto um moleque, mas ele era meio racista). Por azar eu acabei ficando com um personagem coadjuvante. Não um coadjuvante legal, como Tião Macalé ou o Sargento Pincel, mas um sem graça que quase não tinha falas. Nós tiramos um B e essa foi a única experiência como ator na minha vida.

Não tiraram foto da peça, então vai essa da minha primeira comunhão

Relembrando essa história, refleti a respeito das dezenas de atores que figuraram nos programas e filmes da trupe de Renato Aragão e pensei em escrever a respeito deles. Alguns importantes como Carlos Kurt, que chegou a participar de um filme do James Bond, outros nem tanto, como Duda Little e o grupo Dominó. Mas em meio a todas as histórias que pesquisei nenhuma me fascinou tanto como a saga de Andréia Sorvetão e Conrado.

Quem?

Se você tem menos de 20 anos, você não deve saber que existiu um período chamado “Final da Década de Oitenta/ Início da de Noventa”, também conhecido como “Era de Ouro do Sabadão Sertanejo”. Era uma época divertida, mas um tanto quanto brega. Em meio a cores berrantes e ombreiras surgiram as Paquitas, assistentes de palco do Xou da Xuxa que abasteciam a sede de ninfetas do homem brasileiro. Uma deles era Andréia Sorvetão.

Mais ou menos na mesma época, o cantor Conrado começou a fazer sucesso. Ele fazia o tipo ídolo teen, cara de bobo, música melosa e calças apertadas. Descoberto por Gugu, ele foi emplacou alguns hits. Aqui uma amostra da música dele.


O que faziam nos Trapalhões?

Conrado apareceu pela primeira vez ao lado de Didi e companhia no filme “Os Trapalhões na Terra dos Monstros” de 1989. No ano seguinte, após a morte de Zacarias, ele passou a integrar o elenco do programa. Conrado servia de escada pros outros comediantes, supostamente interpretando ele mesmo, um bonitão que pegava a mulherada geral.



Nessa mesma fase do programa Andréia Sorvetão atuava como coadjuvante nos quadros. Em 1992 ela ganhou mais destaque interpretando a secretária da Agência Trapa.



Em algum momento nesse período eles começaram a namorar e acabaram se casando. Eu não sabia da existência desse casal até dias atrás e essa foi uma das informações mais impactantes que eu já recebi. Talvez eu esteja exagerando, mas o fato de duas caricaturas vivas do meu inconsciente infantil desaparecerem em um limbo de esquecimento e ressurgirem duas décadas depois casados e com filhos foi tão chocante quanto descobrir que a Gretchen é irmã da Sula Miranda.

Isso ainda me deixa atônito

O que eles fizeram depois?

Em 1994, a tragédia abate a nação com a morte de Mussum. Os dois trapalhões remanescentes reformulam o programa, que não duraria muito mais, e o casal deixa a atração.

No mesmo ano Sorvetão pousa pra Playboy. Na minha visão o ensaio não faz muito jus aos atributos dela. A partir daqui as coisas começam a ficar nebulosas pra mim e começa o período de “eu não lembro de porra nenhuma que eles fizeram”. Isso aqui foi o que eu descobri pesquisando:

- Em 1995 Conrado gravou um álbum que foi produzido por Leandro, da dupla Leandro & Leonardo, e voltou as paradas com a música “Quero você” (???)

- Andréia Sorvetão apresentou alguns programas infantis, participou da novela “Malhação” e co-apresentou o programada da Xuxa enquanto a rainha dos baixinhos estava grávida.

- Após realizar um álbum em Portugal, Conrado tem uma música de sua autoria gravada por Leandro & Leonardo no último disco da dupla. Andréia Sorvetão participa de um álbum da Xuxa.

É... tudo isso é muito bom pra eles, mas agora é quem vem as informações mais interessantes. Em 2002 o casal posa nu no mesmo mês para duas revistas diferentes. Ela na Sexy, ele na G Magazine. Dessa vez o ensaio faz jus aos atributos físicos de Sorvetão. Eu não posso dizer nada sobre o de Conrado, já que eu não o vi, mas digo que a frase CONRADO POSOU PRA REVISTA G me deixa pasmo.

Mas não tanto quanto isso, puta merda

E agora chegamos a uma encruzilhada que toda celebridade do passado deve passar. Se converter ao reino da pornografia ou ceder a saída fácil do sucesso no mundo gospel?

E o caminho escolhido foi...

Ex-paquita e esposo sucumbiram a tentação da música gospel. Hoje eles cantam, louvam e pregam a palavra do Senhor vivem vidas saudáveis e felizes. E por mais clichê e medíocre que isso seja, esse destino meio que me reconforta, porque mostra que o mundo tem lugar até mesmo para coadjuvantes sem graça dos Trapalhões, como eu fui um dia. Amém.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O que eu aprendi com inspiradores PowerPoints cristãos

Quando Deus em sua infinita sabedoria criou a internet, ele nos deu o livre arbítrio para que escolhêssemos a melhor forma de utilizá-la. Enquanto a maioria das pessoas escolheu o caminho da pirataria, desenhos pornográficos e de emitir suas inúteis opiniões em sites de notícias, as nossas mães optaram por algo mais singelo.

Inicialmente elas apenas utilizavam a rede mundial para copiar receitas do site da Ana Maria Braga, mas logo encontraram sua verdadeira paixão: correntes de PowerPoint com mensagens inspiradoras. É um fato estatístico que para cada adolescente batendo bronha vendo um site de putaria, há uma mulher de meia-idade entretida diante de slides que tratam de auto-ajuda, animais fofinhos e Jesus Cristo. E é sobre o ultimo tema que irei tratar.

Após alguns meses de desemprego e perdição, eu comecei a me perguntar o que estava errado em minha vida. Em uma madrugada de tédio e agonia encontrei alguns desses slides de PowerPoint na minha área de trabalho, provavelmente baixados pela minha mãe. Ou talvez colocados ali pelo próprio Senhor, buscando me guiar para a iluminação. Então eu resolvi abrir minha mente e tentar apreender.

Com Deus não se brinca!



Resumo: Um monte de gente que zuou, duvidou e causou com Deus se fudendo grandão. Entre os notáveis estão John Lennon, Tancredo Neves, Cazuza e uma galera que curtia aloprar no trânsito com uma dúzia e meia de ovos no porta-malas.

O que eu aprendi? Que Deus não sabe brincar.

Eu não sei exatamente se ele sofre algum tipo de autismo, ou se o lance de reinar absoluto sobre o universo subiu a cabeça, mas Deus não tolera piadinhas, é incapaz de detectar ironia numa fala humana e jamais leva desaforo pra casa, nem que isso custe a vida de um bando de gente.

Ou a presidência de um país

Então devemos tratar Deus como aquele moleque bobão que era maior que todo mundo no playground: com cuidado, sensibilidade e sem muitos movimentos bruscos. Também aprendi que John Lennon foi executado segundos depois de dizer que os Beatles eram maior que Cristo, e não anos depois.

Você sabia que Deus gosta de “loucos”?



Resumo: Apresenta diversos exemplos de pessoas que desafiaram a lógica humana para fazer valer a vontade de Deus. Entre eles Moisés, Josué e Jesus.

O que eu aprendi? Que toda uma religião foi criada baseada em delírios e insanidade.

Aparentemente a fé é uma forma de transtorno psicológico que nos faz falar com objetos inanimados, sofrer alucinações e cantar e dançar durante dias. Tipo um ecstasy.

A maior rave de Israel!

Obviamente por ser em si um argumento ilógico e sem fundamentos, Deus aprecia este tipo de comportamento em humanos. Então se um dia você sentir que está perdendo a cabeça e aquele pôster do Corinthians campeão da Copa do Brasil 95 começar a falar com você, não se preocupe, você está no caminho certo para a redenção.

As três árvores



Resumo: Três pequenas árvores sonham em ser um dia transformadas em: a) um baú cheio de jóias b) um navio c) virar uma puta árvore. Elas acabam virando: a) um cocho de animais (onde Jesus nasceu) b) uma barquinho de pesca (onde Jesus trampou) c) uma cruz (adivinha qual?)

O que eu aprendi? Er... que seus sonhos se realizam mesmo depois que você foi morto e mutilado... e que isso talvez envolva um judeu morto pregado em você.

Confesso que esse me deixou um pouco confuso. Mas acho que a mensagem é que se você fracassar em vida, seus restos mortais irão seguir em frente e realizar suas bizarras fantasias de infância.

Fizeram até um filme a respeito

E mesmo que as coisas não saiam exatamente como o planejado, há sempre uma forma de distorcer a história a ponto de parecer que tudo acabou bem. Certo?

O Tempo de Deus



Resumo: Um nadador prestes a mergulhar de um trampolim se distrai com a própria sombra, começa a pensar em Jesus e percebe que estava prestes a cair em uma piscina vazia.

O que eu aprendi? ?????????

Esse parece conter uma daquelas mensagens ocultas de código bíblico que só teólogos conseguem decifrar. Além disso, eu me distraí pelos magníficos efeitos de transição e planos de fundo dos slides. Mas acho que a mensagem é que Cristo morreu para que nós não mais cometêssemos atos tão retardados como intolerância, violência e pular em piscinas vazias.

"Pelo amor de Deus, secador de cabelo no chuveiro não né gente?"

Então em linhas gerais o que eu aprendi nesta catequese virtual foi: Deus não tem senso de humor, é totalmente a favor de doidos e nossos sonhos sempre se realizam, nem que pra isso precisemos nos tornar zumbis mutilados. E a não mergulhar em piscinas sem água, puta que pariu.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Momentos bizarros em novelas dos anos 90

Houve uma época em que crianças não desperdiçavam seus dias na internet, falando merda no MSN, praticando bullying virtual no Orkut e se exibindo para pedófilos na twittcam. Elas desperdiçavam seus dias na frente da TV, vendo Xuxa, Sessão da Tarde e novelas. Não era tão ruim. Eu tenho boas lembranças daqueles tempos. Personagens marcantes como Tonha da Lua, Dona Armênia e seus três filhos, Gino, Gerson e Gera; minha avó falando com os atores como se eles pudessem ouvi-la através da televisão; e é claro a maior história de amor de todos os tempos, entre o mecânico Raí e a manicure Babalu.


Mas além desses bons momentos, houveram estranhas preciosidades que só poderiam ser oferecidas pela teledramaturgia brasileira. Momentos bizarros que ainda me perseguem após anos de saudável distância da televisão aberta.

Flor alucinógena faz Fabio Junior te comer

Novela: Pedra sobre Pedra (1992)

Bem óbvio, mas não poderia ficar de fora. Na pequena cidade de Resplendor, o fotógrafo Jorge Tadeu, interpretado por Fábio Junior, se divide em duas atividades: comer todas as mulheres possíveis e urinar em uma planta na praça da cidade. Isso até alguém matar o sujeito. A morte de Jorge Tadeu se torna o grande mistério do país de Fernando Collor. Afinal quem era o assassino? Algum corno provavelmente.

Na verdade, foi essa senhora


O absurdo entra em cena quando a plantinha regada diariamente pela urina do fotógrafo se torna uma enorme árvore carregada de flores após ser atingida por um raio. Muito para o desgosto dos homens da cidade, as viúvas de Tadeu formam um culto ao redor da árvore. Então uma delas tem a idéia de comer uma flor e recebe a visita de falecido. Então é claro, ocorre necrofilia espírita no horário nobre.


Eu não lembro exatamente como a história terminou, mas acho que outro raio atinge a árvore e destrói ela, ou algo assim. Então pra compensar, assistam a essa cena epicamente bizarra da mesma novela, aonde o vilão Cândido Alegria fala com o diabo, explode e vira pedra.



Eri Johnson gótico idolatra um pedaço de pão

Novela: De Corpo e Alma (1992/93)

Todo mundo se lembra dessa novela por causa do assassinato de Daniela Perez por Guilherme de Pádua. Isso meio que eclipsou da memória das pessoas do que porra a trama era a respeito. Pois estou aqui para lembrar a todos que era sobre Victor Fasano rebolando de sunga num clube de mulheres e Eri Johnson sendo muito estranho.

A autora Glória Perez é famosa por levar temas e polêmicas atuais para as tramas de suas novelas. E por atuais eu quero dizer com ao menos uma geração atraso. Ela misturou islamismo e clonagem em “O Clone” e internet e ciganos em “Explode Coração”. Aqui o lance é transplante de órgãos, góticos e Victor Fasano rebolando de sunga.

Eri Johnson era Reginaldo, um filhinho de mamãe que resolve pintar a parede do quarto de preto. Ele era apaixonado por Yasmim, personagem de Daniela Perez. Era uma relação um pouco perturbadora, como é ilustrada pelo vídeo abaixo.



Um momento marcante é quando Reginaldo rouba o resto de um pão que Yasmim comeu e guarda como uma relíquia. Ele passa dias trancado em seu quarto negro, idolatrando aquele pedaço de comida velha. Pelo tom da novela, essa paixão era algo romântico e bonitinho. E não um lance doentio que poderia, sei lá, acabar em assassinato.


Osmar Prado apalpa bosta de galinha (por culpa de Antonio Fagundes)


Novela: Renascer (1993)


Originalmente a lâmpada do gênio é uma lenda um pouco diferente do que é retratada pelos desenhos da Disney. Ao invés de um sujeito azul e camarada, existia um demônio aprisionado em uma garrafa, escravizado por quem a possuir. Existem lendas semelhantes a essa fora do folclore árabe, inclusive no Brasil. Isso aparece na novela Renascer (aquela que tinha uma hermafrodita). Na trama, boatos atribuem o suposto corpo fechado do personagem de Antônio Fagundes, José Inocêncio, a um capetinha engarrafado. Eu cagava de medo toda vez que aquele treco aparecia.




Tião Galinha (Osmar Prado) interessado em possuir os mesmos poderes, pergunta a Inocêncio como arrumar uma parada dessas. A receita que ele passa é: colher um ovo de galinha preta no momento em que ela botar, sem deixar que ele toque o chão. O ovo deve ser chocado por um sapo e dele nascerá o capetinha. O lance é que Inocêncio comprou a garrafinha com o demônio de plástico na feirinha e só diz essas merdas pra causar com Tião. O que ele não imaginava é que o cara seria ingênuo a ponto de ficar dia e noite com uma galinha preta debaixo do braço a espera do ovo, pondo em risco seu emprego, casa e casamento.


Burrão. Todo mundo sabe que o truque é enfiar um facão no pé de jequitibá

Após zoar com Tião por uns tempos, a galera começa ficar a preocupada com a sanidade mental do caboclo, até que alguém sugere que ele caiu numa pegadinha de Inocêncio. Ah, mas essa cabra fica uma fera! Irado, ele exige satisfações. O personagem de Fagundes escapa da situação colocando um ovo debaixo da galinha preta, sem que Tião visse, afirmando que ela acabara de botar. Tião lamenta seu azar afirmando: “Depois de tanta bosta que ela soltou na minha mão, foi justo agora que ela botou”. Eu tinha seis anos e chorei de rir por que alguém tinha acabado de dizer “bosta” na televisão.

Raul Cortez e sua bad trip sinistra

Novela: Mulheres de Areia (1993)

Raul Cortez interpretava Virgílio, vice-prefeito de Pontal D’Areia e dono do maior hotel da cidade. Ele fica muito puto quando o prefeito Breno (Daniel Dantas) proíbe banhos de mar devido à poluição das águas. Virgílio inicia então uma campanha de difamação, espalhando espantalhos pelas praias usando roupas semelhantes a do prefeito, demonstrando que ele estava espantando turistas da cidade. Esta traição política provoca alguma coisa estranha na cabeça de Virgílio, que começa a ter alucinações. Remorso? Senilidade? Flashbacks de épocas mais caóticas? Eu não sei, mas dê uma olhada nessa porra.



Puta merda, isso ainda é assustador. Um espantalho perseguindo você por todo lugar. Imagine ver isso com seis anos. Pode apostar que eu não fui mijar de madrugada na noite que passaram esse capítulo. Sem brincadeira você ta lá de boa, olha pro lado na janela e AHHHHHH.


Eu vou estar nos seus sonhos. Eternamente

quarta-feira, 2 de junho de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Guia de sobrevivência para micaretas

Desfiles, bailes, orgias... Existem muitas opções do que se fazer no carnaval, de acordo com seus gostos e possibilidades econômicas. Ano passado eu participei do carnaval de São Luis do Paraitinga e aquele pareceu ser o tipo ideal para mim: blocos de rua, marchinhas com letras incompreensíveis, cidade pequena e botecos baratos. Mas a falta de dinheiro e a ira do próprio Deus em pessoa impediram que eu repetisse de opção em 2010 e fui obrigado a escolher por uma viagem mais acessível: o carnaval de Cerquilho.

Não me levem a mal, eu estava satisfeito com isso, mas é que o estilo deste carnaval me deixou um pouco inseguro. O que acontece lá é algo semelhante a uma micareta, você sabe, trios elétricos, música ruim, abadás e gente suada que pode se utilizar de truculência para te agredir ou para te amar.

É. Isso aí

Porém, minha experiência foi bem sucedida e agora ofereço algumas dicas para você que pode acabar perdido num role desses. Seguindo esse manual você não apenas conseguirá divertir, como também irá evitar DST’s e lesões corporais graves.

Música: Relaxe e deixe seu lado trash aflorar

Ok, é um item muito óbvio, mas vale a pena reforçar: a música que toca por aqui é horrível, muito ruim mesmo, puta que pariu. Pense na seqüencia Claudia Leite, Chiclete com Banana, Inimigos da HP, algum funk de putaria aleatório, Inimigos da HP tocando cover de Mamonas Assassinas e Ivete Sangalo. Agora pense nesse playlist sendo repetindo milhares de vezes pela noite toda. É isso que você vai ouvir. Mas não deixe seu senso critico arruinar sua diversão. Invente coreografias patéticas, faça paródias engraçadinhas das letras e deixe o que há pior de você em termos musicais emergir e aproveitar a balada. Talvez você dê sorte e ouça algum pagodão anos 90 ou a Macarena e se divirta pra valer. Para facilitar o processo, recorra a ele, o álcool. O que nos leva ao nosso próximo item.

Bebidas: Pechinche e aposte nas pingas de metro

A minha estratégia para arruinar a sobriedade era a seguinte. Chegar ao carnaval de rua com um drink preparado em casa, no caso um podrão numa garrafa de Gatorade (podrão = Pinga + Tang + água). Garrafa esvaziada, as opções de compra no local eram 2 latas de cerveja por 5 reais, vodka com energético por 5 reais e as famosas pinga de metro, 2 por cinco reais. As pingas de metro são comumente associadas a micaretas e a gente de camisa regata, mas eu acho isso muito injusto. É uma forma bem decente e divertida de se intoxicar. Eu não sou médico nem nada, mas algo em prender a respiração e sugar cachaça colorida pra dentro do seu organismo faz com que o “grau” chegue mais rápido. Uma dica importante: Sempre tente pechinchar, principalmente no final da noite. Nessas horas é quase certeza que vai dar certo, os vendedores vão estar loucos pra se livrar da mercadoria.

Pegação: Um retorno aos tempos neolíticos

Sim, esse é um ambiente de promiscuidade. Promiscuidade em série, eu diria. Ao beijar alguém, saiba que você estará beijando nove pessoas por tabela. Isso é um fato cientifico. O excesso de pessoas no mesmo lugar, o calor, suor e a ebulição hormonal tornam o ambiente propício para pegadas relâmpagos, abusos sexuais e nenhuma, nem mesmo remotamente, troca de idéias interessante. São os tempos das cavernas de volta! Se você é mulher, prepare-se para ser puxada, agarrada e descabelada. Se você tiver sorte e encontrar um Romeu, você poderá ser cortejada através de citações inspiradas como: “E ai, tem jeito?” ou “Chega mais”. Se você é homem, bem, prepare-se para puxar, agarrar e descabelar meninas, por que aparentemente, é isso que funciona. Mas cuidado, nesse ritmo frenético você pode acabar apalpando “objetos estranhos” (tipo um pênis... de um homem). Agora, se você namora... que porra você ta fazendo aqui? Retardado.

Brigas: Não banque o herói e se divirta com os imbecis

Este era o item que mais me preocupava. Você pode ter uma certeza sobre um local que acumula centenas de mulheres “acessíveis” e um bando de bombadinhos que amarram bandanas em seus bíceps: pessoas irão brigar, como bisões enfurecidos batendo cabeça sem nenhuma razão lógica pra isso. Eu não sou exatamente um cara forte e também não tenho grandes habilidades marciais. Também não sou muito corajoso e geralmente não estou muito disposto a lutar para justificar meu orgulho macho.

Logicamente, a possibilidade de ficar na mira de um punho anabolizado não me era muito agradável. Mas logo meus medos foram dissipados, por quê: 1° - você realmente tem que provocar alguém pra se meter em confusão, tipo, passar a mão na bunda da namorada de alguém, ou na bunda do próprio cara. 2°- é verdade que tem certos tipos que só estão lá pra brigar e tal, mas eles só o farão se você der algum motivo. Peça desculpas se alguém te empurrar, saia de perto se você ver que a coisa pode ficar feia e não banque o machão, porra! Esses caras andam em bando e são covardes o bastante pra chutar alguém caído no chão.

Dito isso, eu posso assegurar que uma das coisas mais hilárias desse carnaval foi assistir a um bando de neandertais cujos Q.I’s somados não alcançariam três dígitos se digladiando por uma menina que não conseguiria trabalho nem em um vintão da Cracolândia. Isso até chegarem os seguranças e enxerem todos eles de porrada. Garantia de risadas, minha gente.

Bom, acho que essas são as principais dicas que posso dar. Fora isso, siga as regras de etiqueta básicas que você segue em qualquer lugar. Coisas como não urinar em meio a uma multidão, não jogar voleibol com uma camisinha cheia de cerveja próximo a um destacamento da guarda civil, e resistir a tentação de atirar objetos nos otários que ficam em cima dos trios elétricos. Relaxe, aproveite, ignore a voz do bom senso e garanta uma boa diversão.

Ah é, e use camisinha. Isso se você tiver sorte o bastante pra isso, perdedor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010