segunda-feira, 13 de junho de 2011

Chega de Imortalidade

Torcidas organizadas de futebol tem um grande talento para literatura cômica não intencional. Faixas de apoio e pixações de protesto costumam ser afirmações passionais desprovidas de senso de ridículo, com erros gramaticais improváveis e construções dadaístas.

Não é a mesma coisa com cinéfilos

Neste meio artístico, uma torcida merece destaque especial: a do Grêmio de Porto Alegre. São eles os responsáveis pela imponente faixa: JAMAIS NOS MATARÃO. Mas mais importante ainda, foram eles que criaram uma das frases mais filosoficamente profundas da história dos protestos pós-eliminação da Libertadores:

Leia isso e repita pra si mesmo. “Chega de imortalidade, queremos títulos”. Faz você para pra pensar não? O que é imortalidade? O que é tão importante pra se abrir mão da vida eterna? Uma existência fugaz, porém gloriosa, é melhor do que um infinito sem brilho?

E com o Lúcio na lateral?

Monte Olimpo

Pense por exemplo em Hefesto. Ele era um deus grego, um imortal do Olimpo. Mas ele também era feio, coxo e o poder especial dele era ser metalúrgico. Ele era tão feio que a mãe dele jogou ele fora.

Além disso, ele não era muito esperto. Dizem que foi ele quem forjou o raio de Zeus e o Tridente de Poseidon. Agora, por que o imbecil não fez essas coisas pra ele mesmo e dominou o mundo ao invés de viver martelando ferro na porra de um vulcão?

Outro detalhe da vida de Hefesto: ele era casado com a Afrodite. Uma boa, não? ERRADO, por que ela odiava o lazarento por ele ser um feioso e o traía com Ares. Hefesto ficou putaço quando descobriu e armou um plano.

Com seu grande talento de ferreiro, ele teceu uma teia de metal bem fina, praticamente invisível, mas de alguma forma pesada o bastante para aprisionar quem ficasse sob ela. Ele esperou Afrodite e Ares se pegarem pelados e tacou a rede em cima dos dois.

Ai ele chamou todos os deuses do Olimpo pra ver aquela pouca vergonha e humilhar os dois amantes. Sabe o que os deuses fizeram então? Riram da cara do Hefesto por ele ser um puta corno.

Seria 1 boa?

Falando em existência patética, eu estava folheando a Revista Veja esses dias. A matéria de capa era sobre a busca da medicina para aumentar a longevidade da vida humana, rumando a imortalidade. Também tinha uma foto da Rihanna quase pelada.

Eu acho isso horrível. Se todos parassem de morrer, o mundo ia entrar em colapso, ficar sem recursos naturais e cheio de pessoas famintas. E também a sua família ia crescer sem parar, se enchendo de mais gente com que você ia ser obrigado a se socializar de maneira constrangida algumas vezes por década.

Aff, nem tava pelada

Agora, se só você fosse imortal, ia ser tão horrível quanto. Você ia se tornar uma aberração, jamais envelhecendo, jamais forjando laços profundos com ninguém e ia ter uma percepção bizarra do tempo.

Tipo, se você tem 3.000 anos, ficar em casa vendo tv e do nada 30 anos se passam é quase o equivalente a ter 20 e ficar uns dois dias sem fazer nada. Até que um dia o Sol ia entrar em supernova, e a Terra seria engolida com você dentro. E você ia ficar feliz por isso.

Já é

A imortalidade não é ficção no mundo animal. Não ao menos pra uma água viva chamada Turritopsis nutricula, o único animal capaz de reverter seu ciclo de vida. Pelo que eu entendi (não entendi porra nenhuma) quando ele chega na sua maturidade sexual, ela reverte seu ciclo biológico, e meio que dá a luz a si mesmo de novo.

Isso significaria viver a vida inteira da infância a puberdade eternamente, incluindo a parte de só fazer sexo consigo mesmo. Mas ao invés de meias manchadas, você daria a luz a você mesmo.

E você ia ser assim

Christopher Lambert

Highlander é um puta filme sobre imortais espadachins que cortam as cabeças uns dos outro. Highlander 2 é a pior seqüência da história da humanidade. Eles inventam que os imortais na verdade são alienígenas vindos de um planeta de imortais e é tudo tão retardado que eles fizeram Highlander 3 e ignoraram totalmente a história do 2.

A verdade é que um dia nos MATARÃO. Talvez seja o tempo, um acidente de carro ou algo constrangedor envolvendo nudez e um cinto em volta do pescoço. Mas antes assim do que sem títulos.