quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Exclusivo: Veja trechos do meu novo livro!

Lei seca, PSIU, prostíbulos fechados, lei antifumo, ações policiais na Cracolândia... Meu amigo, como está difícil se divertir nesta cidade! Foi pensando nas injustiças que o boêmio paulista está enfrentando, que resolvi pesquisar recursos para que nenhum governo autoritário possa atrapalhar sua diversão. Aqui apresento meu novo lançamento:


Para mostrar do que se trata este trabalho, disponibilizarei alguns trechos do livro.

Dica n°1 - Bares fechados? Faça sua própria festa! (na casa de um estranho)

A lei do PSIU, que proíbe que bares sem isolamento sonoro funcionem durante a madrugada, além de uma série de fiscalizações a estes tipos de estabelecimentos, tornaram algumas noites paulistanas um pináculo de tédio e desperdício. É verdadeiramente uma situação traiçoeira: Não há mais transporte público disponível e você está bêbado demais para dirigir para outro lugar, mas não o bêbado o suficiente para encerrar a noite! O que fazer então para dar continuidade aos rituais dionisíacos sem quebrar a lei?

A resposta é uma só: Cortesia. Esta não é a solução para todos os problemas da vida? Basta uma ação simples. Identifique o velho bêbado solitário do bar em que você se encontra. Todos os bares têm um desses, é garantido. Puxe assunto com ele, pague uma cerveja, o enturme com seus amigos.

Quando chegar a hora do bar fechar, lamente o fato de não haver outro lugar para continuar os festejos e pronto! O homem solitário irá oferecer sua própria casa para receber a todos! Depois só resta uma parada no mercado ou loja de conveniência mais próxima e botar para quebrar! É diversão na certa e também uma boa ação. Esta será uma noite inesquecível para a alma desesperada por companhia do seu anfitrião!

Observação: É altamente recomendável tentar este recurso APENAS quando acompanhado por mais amigos. Seguir esta dica quando sozinho pode ser interpretado como uma ação de natureza sexual pelo indivíduo abordado.

Dica n° 7 - Fumo de mascar: um hábito elegante e galanteador

A lei antifumo é de fato uma ação polêmica. Alguns concordam, por considerá-la uma defesa para a saúde publica. Outros a vêem como infame, uma ação arbitrária e covarde contra a liberdade individual. Bom, todo esse debate político pode ser interessante, mas é inútil. A lei está ai e nos resta cumpri-la. Mas isso não significa que você precise abrir mão dos prazeres da nicotina!

Então o segurança da balada é um chato que apaga todos os seus cigarros? A solução é o bom e velho fumo de mascar! Por que queimar o tabaco quando se pode esmagá-los de maneira suculenta com os próprios dentes? Também considere que cuspir uma gosma marrom é muito mais divertido do que soltar aneizinhos de fumaça!

E não se preocupe, seus dentes manchados e seu hálito forte não vão afastar as cantadas. Ao contrario, essa será sua nova arma para o jogo da sedução! Você encontrará gatinhas ou gatões maluquinhos por nicotina que estarão dispostos a experimentar essa nova onda.

Dica n° 19 - Alcoolismo responsável: Bebendo com discrição no transporte público

Não há o que negar: A lei seca está certa. Você pode discordar da severidade das penas, mas não da sua função. Dirigir bêbado não é uma boa! Mas não é por isso que você vai deixar de sair e se divertir! Também não vai ficar a mercê de taxistas inescrupulosos, que cobram preços altíssimos e ainda enganam os mais desavisados, fazendo caminhos mais longos do que o planejado.

Nada disso! O transporte público é o seu aliado! E por que, ao invés de usá-lo para ir à festa, não torná-lo a própria festa? Por R$2,55, o trem e o metrô se tornam a balada mais barato do Brasil!

Mas é preciso atenção! Existem câmeras nos vagões e estações, e beber nestes locai é proibido. E você não vai querer arrumar confusão com aqueles seguranças... Por isso coloque as bebidas alcoólicas em garrafas de refrigerantes, suco ou energéticos. Leve um celular com tocador de mp3, se eles servem para chatear os passageiros ao final de um dia de trabalho, devem servir para animar a noite!

Ligue o som e deixe a festa rolar, do Tucuruvi ao Jabaquara, de Rio Grande da Serra à Luz! Assim você estará a bordo da balada itinerante mais politicamente correta do Estado!

Dica 33 - Simule um prostíbulo em qualquer ambiente!

Então o prefeito não morre de amores pelas boates que oferecem a diversão mais antiga da civilização? Mas isso é motivo para você abrir mão de uma noite de farra um pouquinho mais picante? Claro que não! Com um pouco de planejamento e um orçamento moderado, você poderá recriar a experiência de uma casa noturna em qualquer ambiente. Pois convenhamos, abordar prostitutas na rua é um tanto quanto deprimente.

Para isso, basta encontrar algumas profissionais do sexo em alguma esquina da cidade. Estilo, faixa de preço e estética que você preferir. Se seu lance for travesti, bem, vá em frente, isso é um gosto seu.

Combine o preço por uma noite de diversão e rume para qualquer estabelecimento aberto! Baile da terceira idade? Redes de fast-food? O culto evangélico? O que você preferir para chimbar, assistir um strip e pagar uma bebida para uma mulher de nome fictício que você nunca mais irá ver na vida! Não abra mão deste direito! Afinal, só é ilegal explorar a prostituição, não se divertir com ela!

Dica 49 - PSIU! Hora da mímica alcoólica em vias públicas!

Todos os bares fechados e você não conseguiu arrumar um local para continuar a bebedeira? (ver Dica 1) Não há motivos para desespero! Por que não entrar no clima do PSIU e realizar competições de mímica nas praças e ruas da cidade? A lei faz referências estritas ao barulho, não a beber e realizar performances silenciosas em público!

Junte seus amigos e suas garrafas e dêem inicio a uma experiência teatral de expressividade muda, aditivada pela luz criativa do álcool. Realize imitações, enquanto seus amigos tentam adivinhar do que se trata, escrevendo as respostas em cartazes de papelões. Lembrem-se: Nada de gritaria! Mantenha o silêncio absoluto e sua madrugada cultural estará garantida!

***

EM BREVE NAS LIVRARIAS!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Os (meus) momentos mais deprimentes da história do futebol

Futebol é coisa séria. Faz parte do amadurecimento do homem e molda o caráter através experiências emocionais devastadoras, sejam elas de alegria extrema ou traumas insuperáveis. Mas não é disso que eu vou falar, e sim daqueles momentos tão ridículos, apáticos e desprezíveis que te fazem, ao menos por uma fração de segundo, questionar sua própria sanidade por gastar seu tempo assistindo 22 caras brigando por uma bola, e não com algo mais importante.

Apreciar a fina arte do Pole Dance, por exemplo.

São Paulo empata no último minuto... com um gol impedido... de André Lima

Jogo: São Paulo 2 x 2 Atlético PR, Campeonato Brasileiro 2009.

O jogo valia pela 2° rodada do campeonato. O São Paulo vinha jogando muito mal, e o Atlético pior ainda. Cheguei atrasado ao Morumbi, o que me impediu de ver Hernanes perder um gol sem goleiro.

O que se viu depois foi o time da casa trocando passes a esmo, criando jogadas inúteis e servindo contra-ataques. As arquibancadas estavam quase desertas e fazia frio. O Atlético esteve na frente por duas vezes. Um sujeito quis me vender um picolé por 4 reais. 4 REAIS POR UM PICOLÉ.

Nos acréscimos, após uma cobrança de falta, André Lima, vergonhosamente impedido, empurrou a bola pra dentro do gol. Foi constrangedor comemorar aquele gol.

A ocasião não poderia exigir melhor herói.

Quando ficou realmente deprimente?

Quando eu penso que foi a última partida que eu vi com Muricy Ramalho no comando do time. Você pode ou não gostar dele, mas tem que admitir que ele faz parte da história do clube. E aquilo não foi um bom jeito de se encerrar uma história

Poderia ser pior se...

O São Paulo tivesse perdido com um gol de Rafael Moura, que acertou uma bola na trave no começo do jogo.

Romário dá bolo e não sobra muita coisa pra se ver

Jogo: São Caetano 1 x 2 Vasco da Gama, Campeonato Brasileiro 2005

Romário é um dos meus heróis de infância. Eu tinha 7 anos na Copa de 94 e aquilo foi FODA. Sempre que eu tinha a chance de ver o baixinho jogando eu aproveitava, mesmo quando ele já estava no final de carreira. Em um domingo de Sol, fui ao Anacleto Campanella ver o cara. Fiquei decepcionada ao saber que ele não veio pro jogo, por que a viagem era muito longa. Com isso, basicamente eu apenas assisti a um jogo horrível.

Os dois times eram bem ruins e o gramado era péssimo. Não faltava vontade aos jogadores, mas eles não tinham muito mais do que isso. Além de ver aquele espetáculo, tive que agüentar um moleque corintiano pentelho fazendo festa na minha frente. O Alto-falante não parava de anunciar gols do Corinthians, que venceu o Santos por 7 x 1 naquele dia.

Quando ficou realmente deprimente?

Quando o Alessandro foi substituído, ele foi vaiado por toda a torcida do São Caetano. Enquanto ele descia para o vestiário, um senhor de uns 200 anos subiu no alambrado e começou a chacoalhar uma nota de um real e xingar o jogador de mercenário. Vendo aquela cena, imaginei a debilidade mental que o futebol pode reservar para mim, após anos de abuso.

Eles não acertam nenhum passe. Nunca.

Poderia ser pior se...

Tivesse chovido e toda Bengala Azul pegasse pneumonia.

Falta de noção de espaço e desconhecimento das regras custa uma classificação

Jogo: 2°A 2 X 3 2°B, Interclasses 2003 da ETE Jorge Street

Eu era goleiro de Futsal no colégio. Não era grande coisa, mas não passava vergonha. Quando nós fomos disputar o campeonato de futebol de campo eu iria jogar na linha, mas nosso goleiro titular não apareceu. Lá fui eu, tentar defender aquele gol absurdamente grande e totalmente injusto comigo.

Era assim grande e eu nem tinha um elefante

Após um bom primeiro tempo, em que saímos na frente e eu fiz algumas defesas, a merda começou a foder na segunda etapa. O atacante adversário deu um chute cruzado despretensioso, eu acompanhei a bola com os olhos esperando ela sair e ... gol. Maldito gol gigante.

Depois tomei outro gol numa cagada da defesa, mas nada demais. Então, numa cobrança de lateral adversária, o meu zagueiro parou e... pediu impedimento. Se você remotamente já ouviu falar que existe um jogo chamado futebol, você deve saber que NÃO EXISTE IMPEDIMENTO em cobrança de lateral. O idiota me deixou sozinho com dois atacantes dentro da área. 3 X1.

Quando ficou realmente deprimente?

Fui substituído no finzinho e do banco de reservas eu vi um atacante nosso roubar a bola das mãos do goleiro adversário com um tapa e marcar o gol. O juiz não viu a falta e validou o lance mais retardado da história e estava decretado um humilhante desfecho para a nossa campanha.

Seria pior se...

Meu pai estivesse assistindo.

Torcedor do Palestra São Bernardo faz manifestação racista mais pitoresca da história

Jogo: Palestra de São Bernardo 1 x 0 Elosport, Série B do Campeonato Paulista 2007

Era sábado, nove da manhã, e eu acordei meio bêbado, meio de ressaca, e totalmente lesado. Então eu pensei, por que não aproveitar essa manhã e ver o meu time local?

Três torcedores da organizada do Palestra e umas dúzias de pessoas tiveram a mesma idéia. E o Estádio Primeiro de Maio, que já recebeu as maiores manifestações sindicais e anti-ditadura da história, recebia agora um dos jogos mais bisonhos do universo.

O Palestra dominou todo o jogo, o que significa que os chutões do time do ABC eram um pouco menos ineficazes que do adversário. Eu, acompanhado de uma garrafinha de água, fui recuperando minha sobriedade ao longo do jogo, o que significa que ele foi ficando menos interessante a cada minuto. Os principais lances do jogo foram:

O gol, em que o atacante do Palestra acertou a bola com as travas da chuteiras, fazendo com que a bola fosse pingando inexplicavelmente para dentro da rede.

Uma voadora por trás que o zagueiro do Palestra acertou no lateral do... Palestra, que teve que ser substituído.

Uma saída de bola errada do goleiro do Palestra que quase levou um gol. O equivoco causou uma reação enfurecida de um senhor ao meu lado que bradou injurias racistas para o jovem goleiro negro. Depois eu descobri que aquele senhor era o pai dele.

Quando ficou realmente deprimente?

Antes do jogo começar, tinha dois garotos na minha frente conversando. Então um gandula surgiu na beira do gramado e gritou para um deles: “Renato. Ta com RG aí?”, o garoto respondeu que sim. “Então desce, que o treinador precisa de alguém pra completar o banco!”. Mano, se um torcedor é chamado pra jogar e você não está em um filme da Disney, é melhor não esperar grande coisa.

Mais retardado do que isso

Poderia ser pior se...

Eu tivesse pagado para entrar.

Um ingresso causa um engavetamento em Santo André

Jogo: São Paulo 1 x 0 Estudiantes, Copa Libertadores da America 2006

Não foi o jogo em si, que foi animal e uma das minhas maiores experiências em um estádio (ver o São Paulo se classificar para uma semifinal de Libertadores após uma disputa de pênaltis) e sim o dia da compra do ingresso.

As entradas para o jogo estavam sendo vendidas no Estádio Bruno José Daniel, em Santo André. Peguei carona com um colega de trabalho e lá me deparei com uma fila gigantesca. Ok, sem problemas, o Sol ta de rachar, eu vou perder a disputa do 3° lugar da Copa do Mundo, mas tudo pelo Tricolor.

Na fila, travei conhecimento com um velho que, eu diria, era levemente senil, mas gente boa. Eu contei que não sabia voltar dali pra um lugar que passasse ônibus e ele disse que me daria carona até o centro, Ok, boa.

Após duas horas e meia de fila eu chego no guichê e peço meu ingresso. Eu não estudava na época e não tinha carteira pra pagar meia. “Uma inteira, arquibancada amarela”, eu peço e a caixa sorri incrédula: “Inteira? E você pegou essa fila toda? Aqui é só meia, inteira era só ir ali”. Eu olho para o lado e vejo um guichê com uma fila de 2 pessoas. Ok, uma merda, mas ninguém me avisou, o que eu ia fazer? Pelo menos peguei o ingresso.

A iluminação de ser Office Boy

Ingresso comprado, pego minha carona. No meio de um viaduto, o velho simplesmente para o carro e diz: “Aqui é melhor pra você descer, vai lá”. No momento em que eu desço do carro e tento patéticamente desenroscar minha blusa da porta, eu escuto o barulho de uma freiada e de vidro se quebrando.

Enquanto eu tento atravessar uma pista expressa, motoristas passam me xingando. Mais atrás eu vejo pessoas avaliando danos e trocando telefones. Ok, não é uma boa ficar aqui. Saio correndo pelo acostamento e só para quando chego em uma avenida movimentada.

Quando ficou realmente deprimente?

Uma vez no Centro de Santo André eu percebi que não conhecia nada daquela cidade. Após vagar pelas ruas pedindo informação, uma mulher em um ponto de ônibus ficou com dó de mim e me levou até a estação. Lá estava eu, 19 anos de idade, sendo guiado como uma criança perdida por ruas desconhecidas, amaldiçoando o velho pirado e temendo ser reconhecido por algum motorista enfurecido.

Poderia ser pior se...

Eu tivesse passado por isso para comprar ingressos para a final da Copa do Brasil de 2000, entre Cruzeiro e São Paulo, o jogo mais maldito da história. Suponho que se eu tivesse sido atropelado seria meio chato também.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Morte da Indústria Fonográfica (é boa demais pra ser verdade)

A noticia já é velha. Lily Allen anunciou que não irá gravar mais discos devido aos downloads ilegais de suas músicas. Reclamou que artistas milionários que lançam seus álbuns na internet de graça são uns babacas por que... não deixam ela ficar milionária também. É de partir o coração

Se eu ao menos pudesse a consolar

Mas aparentemente, alguns roqueiros milionários também estão insatisfeitos. O baixista do Kiss, Gene Simmons, declarou no ano passado que a banda não iria gravar um novo álbum enquanto os downloads ilegais continuassem, dando ao mundo um excelente argumento a favor da pirataria. Infelizmente, o segundo cara mais babaca do rock não cumpriu a promessa, e o Kiss pode lançar mais um álbum cretino.

Obviamente o mais babaca é o Paul Stanley

Nessa entrevista, Simmons declarou que a indústria fonográfica estava morta e os responsáveis por isso eram unicamente os fãs. Oh... tadinha dela. Quem dera fosse verdade. A idéia de uma massa de saqueadores despedaçando uma corporação capitalista é linda, mas irreal. A indústria fonográfica está viva e todos os argumentos contra downloads ilegais são pura bosta.

Um dos motivos por Gene Simmons estar todo putinho se deve ao fato dele ser velho. Muito velho. Ele é um dos representantes mais simbólicos do final dos anos setenta e da ascensão das gravadoras. Antes o status de rockstar ou artista milionário estava reservado para pessoas do naipe de um Jimi Page ou um Frank Sinatra. Mas no final daquela década as cifras se tornaram astronômicas e as vendagens ridiculamente altas. Depois, com a MTV, qualquer palhaço poderia ser uma estrela.

Esse cara por exemplo.

A conseqüência da produção em ritmo industrial de bandas, sucessos e videoclipes, foi o esvaziamento artístico e uma grande queda de qualidade. Admita os anos 80 podem ter sido divertidos, mas também foram ridículos.

Exatamente como o Boy George

A reação natural a essa mercantilizarão foi o Hip Hop e o Rock Alternativo. Ai a indústria jogou bem. Assimilou os estilos e os transformou em algo vendável para o grande público. Logo, as grandes ondas do inicio dos anos 90 foram o RAP e o Grunge, de início violentos e provocativos, depois tão farofeiros quanto o Deaf Leopard.

Um típico gangsta

Infelizmente, as gravadoras não lidaram tão bem com a próxima grande revolução musical, o Napster. Ao invés de aprender como lucrar com a ferramenta ou simplesmente agirem como o esperado e tentar monopolizar a troca de arquivos via internet, eles preferiram surtar e bater com a cabeça contra a parede.

VOCÊS ESTÃO FAZENDO O QUE?

Todas as tentativas de simplesmente eliminar os downloads se provaram furadas, Quando a indústria tentou se recuperar e aprender as regras do jogo, já era tarde. Não adianta, ninguém vai pagar por algo que pode se conseguir de graça. É uma regra do capitalismo servindo de arma contra ele mesmo.

Acima: A indústria fonográfica.

Apocalipse? Não muito na verdade. É só usar a lógica. As pessoas não comprariam noventa por cento do que baixam na internet. A razão por que elas o fazem é por que, bem, está ali, é só pegar. Por exemplo, eu baixei o Metal Machine Music do Lou Reed por pura curiosidade. Eu jamais pagaria 1 real por aquela merda que o próprio autor definiu que “se você chegar a segunda música, você deve ser retardado”.

E ele não estava sendo só modesto

Além disso, costumeiramente as pessoas não baixam um álbum completo, e sim músicas soltas. E isso não é nenhuma novidade. Reunir suas músicas favoritas em uma fonte alternativa e de graça, onde eu já vi isso?

Ninguém protestava contra as fitas K7 nos anos 80, era um lance romântico. Você não tinha um puto pra comprar um disco, colava na casa dos amigos e fazia uma coletânea. Ou então gravava as baladas mais melosas pra mina que você queria enrabar. Era uma época mais simples

Certeza que “More than words” vai fazer ela tirar a calcinha

Mas para mim, a maravilha da internet é a possibilidade de conhecer e pesquisar sobre artistas que você nunca iria ter acesso. Músicos novos aparecem graças à rede, incluindo a mal agradecida Allen, e bandas antigas podem ser redescobertas. Eu sou um fã maníaco de Stooges, uma banda que eu ouvi falar, conheci e ouvi pela primeira vez através da internet. E adivinhe só: Hoje eu tenho dois cd´s originais da banda e já fui a um show dos caras.

O show mais FODA da porra do mundo

O que eu quero dizer que os downloads não mataram ninguém. Eu adoraria que tivessem enterrados as gravadoras e livrado o mundo de artistas pré-fabricados por engravatados retardados.

As pesquisas apontam que lolitas de mini saia são a nova tendência

Se isso fosse verdade, a música deixaria de ser um negócio e voltaria para o controle dos artistas. Uma vez li pessoas criticando a idéia de regulamentar a profissão de escritor, dizendo que a literatura deve estar compromissada apenas com princípios artísticos, e não de mercado. Por que a música seria diferente?

Quem disse que é?

Mas a indústria fonográfica (quantas eu vezes eu já escrevi isso? Eu já contei umas 7) não está morta, sequer mal das pernas. Ela é esperta e tem muitas fontes de recursos. Os ídolos juvenis produzidos em laboratório continuam nascendo e sua imagem explorada em sitcoms infantis, produtos de beleza e revistas de fofoca

Aparentemente isso pode ser meio estressante.

Novas mídias surgem para engordar os pobres empresários, como os games de música e a própria venda individual de músicas via Ipod. Nunca antes na história as pessoas haviam pagado por uma única música. Também é preciso considerar que talvez o motivo das vendas de discos terem despencado foi por que as pessoas ficaram um pouco menos propensas a consumir qualquer merda com um único hit nas paradas.

A minha conclusão é a seguinte: A indústria fonográfica ainda vai nos torturar por algum tempo e músicos resistentes aos downloads ilegais ou são velhos assustados com uma nova estrutura ou crianças mimadas mais interessadas em encher o rabo de dinheiro do que fazer arte. E não se preocupem com a Lily, ela está fazendo shows e investindo na carreira de atriz. Fome ela nunca vai passar.

Mas se a situação apertar, pode colar que eu tomo conta