sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Morte da Indústria Fonográfica (é boa demais pra ser verdade)

A noticia já é velha. Lily Allen anunciou que não irá gravar mais discos devido aos downloads ilegais de suas músicas. Reclamou que artistas milionários que lançam seus álbuns na internet de graça são uns babacas por que... não deixam ela ficar milionária também. É de partir o coração

Se eu ao menos pudesse a consolar

Mas aparentemente, alguns roqueiros milionários também estão insatisfeitos. O baixista do Kiss, Gene Simmons, declarou no ano passado que a banda não iria gravar um novo álbum enquanto os downloads ilegais continuassem, dando ao mundo um excelente argumento a favor da pirataria. Infelizmente, o segundo cara mais babaca do rock não cumpriu a promessa, e o Kiss pode lançar mais um álbum cretino.

Obviamente o mais babaca é o Paul Stanley

Nessa entrevista, Simmons declarou que a indústria fonográfica estava morta e os responsáveis por isso eram unicamente os fãs. Oh... tadinha dela. Quem dera fosse verdade. A idéia de uma massa de saqueadores despedaçando uma corporação capitalista é linda, mas irreal. A indústria fonográfica está viva e todos os argumentos contra downloads ilegais são pura bosta.

Um dos motivos por Gene Simmons estar todo putinho se deve ao fato dele ser velho. Muito velho. Ele é um dos representantes mais simbólicos do final dos anos setenta e da ascensão das gravadoras. Antes o status de rockstar ou artista milionário estava reservado para pessoas do naipe de um Jimi Page ou um Frank Sinatra. Mas no final daquela década as cifras se tornaram astronômicas e as vendagens ridiculamente altas. Depois, com a MTV, qualquer palhaço poderia ser uma estrela.

Esse cara por exemplo.

A conseqüência da produção em ritmo industrial de bandas, sucessos e videoclipes, foi o esvaziamento artístico e uma grande queda de qualidade. Admita os anos 80 podem ter sido divertidos, mas também foram ridículos.

Exatamente como o Boy George

A reação natural a essa mercantilizarão foi o Hip Hop e o Rock Alternativo. Ai a indústria jogou bem. Assimilou os estilos e os transformou em algo vendável para o grande público. Logo, as grandes ondas do inicio dos anos 90 foram o RAP e o Grunge, de início violentos e provocativos, depois tão farofeiros quanto o Deaf Leopard.

Um típico gangsta

Infelizmente, as gravadoras não lidaram tão bem com a próxima grande revolução musical, o Napster. Ao invés de aprender como lucrar com a ferramenta ou simplesmente agirem como o esperado e tentar monopolizar a troca de arquivos via internet, eles preferiram surtar e bater com a cabeça contra a parede.

VOCÊS ESTÃO FAZENDO O QUE?

Todas as tentativas de simplesmente eliminar os downloads se provaram furadas, Quando a indústria tentou se recuperar e aprender as regras do jogo, já era tarde. Não adianta, ninguém vai pagar por algo que pode se conseguir de graça. É uma regra do capitalismo servindo de arma contra ele mesmo.

Acima: A indústria fonográfica.

Apocalipse? Não muito na verdade. É só usar a lógica. As pessoas não comprariam noventa por cento do que baixam na internet. A razão por que elas o fazem é por que, bem, está ali, é só pegar. Por exemplo, eu baixei o Metal Machine Music do Lou Reed por pura curiosidade. Eu jamais pagaria 1 real por aquela merda que o próprio autor definiu que “se você chegar a segunda música, você deve ser retardado”.

E ele não estava sendo só modesto

Além disso, costumeiramente as pessoas não baixam um álbum completo, e sim músicas soltas. E isso não é nenhuma novidade. Reunir suas músicas favoritas em uma fonte alternativa e de graça, onde eu já vi isso?

Ninguém protestava contra as fitas K7 nos anos 80, era um lance romântico. Você não tinha um puto pra comprar um disco, colava na casa dos amigos e fazia uma coletânea. Ou então gravava as baladas mais melosas pra mina que você queria enrabar. Era uma época mais simples

Certeza que “More than words” vai fazer ela tirar a calcinha

Mas para mim, a maravilha da internet é a possibilidade de conhecer e pesquisar sobre artistas que você nunca iria ter acesso. Músicos novos aparecem graças à rede, incluindo a mal agradecida Allen, e bandas antigas podem ser redescobertas. Eu sou um fã maníaco de Stooges, uma banda que eu ouvi falar, conheci e ouvi pela primeira vez através da internet. E adivinhe só: Hoje eu tenho dois cd´s originais da banda e já fui a um show dos caras.

O show mais FODA da porra do mundo

O que eu quero dizer que os downloads não mataram ninguém. Eu adoraria que tivessem enterrados as gravadoras e livrado o mundo de artistas pré-fabricados por engravatados retardados.

As pesquisas apontam que lolitas de mini saia são a nova tendência

Se isso fosse verdade, a música deixaria de ser um negócio e voltaria para o controle dos artistas. Uma vez li pessoas criticando a idéia de regulamentar a profissão de escritor, dizendo que a literatura deve estar compromissada apenas com princípios artísticos, e não de mercado. Por que a música seria diferente?

Quem disse que é?

Mas a indústria fonográfica (quantas eu vezes eu já escrevi isso? Eu já contei umas 7) não está morta, sequer mal das pernas. Ela é esperta e tem muitas fontes de recursos. Os ídolos juvenis produzidos em laboratório continuam nascendo e sua imagem explorada em sitcoms infantis, produtos de beleza e revistas de fofoca

Aparentemente isso pode ser meio estressante.

Novas mídias surgem para engordar os pobres empresários, como os games de música e a própria venda individual de músicas via Ipod. Nunca antes na história as pessoas haviam pagado por uma única música. Também é preciso considerar que talvez o motivo das vendas de discos terem despencado foi por que as pessoas ficaram um pouco menos propensas a consumir qualquer merda com um único hit nas paradas.

A minha conclusão é a seguinte: A indústria fonográfica ainda vai nos torturar por algum tempo e músicos resistentes aos downloads ilegais ou são velhos assustados com uma nova estrutura ou crianças mimadas mais interessadas em encher o rabo de dinheiro do que fazer arte. E não se preocupem com a Lily, ela está fazendo shows e investindo na carreira de atriz. Fome ela nunca vai passar.

Mas se a situação apertar, pode colar que eu tomo conta

Um comentário:

  1. quando os artistas tem a liberdade de sair do controle das gravadoras, querem voltar pra dentro do velho esquema.
    mas todos sabemos que as gravadoras e artistas mais conservadores tão lutando uma guerra já perdida.

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